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14 de fevereiro de 2006

P.Alexandre: Toponímia e 1ªs Letras

Extracto de ”Primeiras Letras em Angola” - Edição da Câmara Municipal de Luanda - 1973
de
Martins dos Santos - pp 81 e 82


PORTO ALEXANDRE: TOPONÍMIA E PRIMEIRAS LETRAS



Esta conhecida povoação angolana corresponde à antiga Angra das Aldeias, a que se refere já o famoso clássico português, Duarte Pacheco Pereira, no seu célebre Esmeraldo de Situ Orbis. Diz este escritor que o nome lhe foi posto porque Diogo Cão achou ali duas grandes sanzalas de nativos, e por tal motivo lhe chamou assim.
Bartolomeu Dias visitou também esta baía, onde abandonou uma urca, depois de a esvaziar dos mantimentos que transportava. Deveria antes tê-la incendiado, como habitualmente se fazia em tais circunstâncias.
Em 1770, esteve aqui o conhecido sertanejo angolano, João Pilarte da Silva, em exploração geográfica. E em 1787 a região foi visitada pelo capitão José da Silva, outro explorador do sertão africano. Meio século mais tarde, em 1839, Pedro Alexandrino da Cunha, futuro governador-geral de Angola, explorou igualmente a costa de Porto Alexandre. Nesse tempo era designada por Porto Pinda, embora nas cartas inglesas aparecesse sob a denominaçao de “Port Alexander”.
O padre Ruela Pombo admite que o nome desta cidade se refere, com efeito, ao capitão inglês James Eduard Alexander, que visitou demoradamente as costas de África, a fim de recolher elementos de interesse científico. O regente de Portugal (Ex-imperador do Brasil), D. Pedro e o seu ministro Francisco Simões Margiochi ordenaram ao governador de Benguela que o deixasse transitar livremente, prestando-lhe todo o auxílio de que carecesse e pudesse ser-lhe prestado.
Foi encarregado da construção do presídio ali erigido o major Marcelino Rudzki, que seguia para o seu destino em 4 de Novembro de 1854. Pouco depois juntava-se-lhe o comerciante Sousa Monteiro, que apoiava a iniciativa. No dia 8 de Dezembro desse ano fundou-se oficialmente o presídio. Distinguiu-se ainda na exploração de zona costeira o capitão-de-fragata João Máximo de Sousa Rodovalho.
Estabeleceu-se em Porto Alexandre uma colónia de pescadores algarvios, entre os quais se contava Cruz Rolão; por sua morte, salientou-se pelos seus dotes de coragem e iniciativa a sua viúva, Maria da Cruz Rolão. A data do estabelecimento desta colónia pesqueira foi em 1861.
No final do século XIX, organizou-se a respectiva Comissão Municipal. Em 1895, a povoação era elevada à categoria de sede de concelho. Desempenhou aqui relevantes funções administrativas o tenente Gualdim Martins Madeira.
Norton de Matos mandou construir nesta vila um bairro poveiro, a fim de albergar os pescadores de Póvoa de Varzim, que para ali se transferiram; isso, porém, ocorreu já em 1921, portanto, fora do período que pretendemos estudar.
Apenas na última década do século passado (*) pudemos identificar aqui o primeiro missionário, que serviu de professor. Sabemos que a residência paroquial de Porto Alexandre, que devia servir também para nela funcionar a escola primária, foi construída em 1899. Confrontando esta informação, colhida numa monografia da cidade, com os dados biográficos dos seus professores, chegamos à conclusão de que estava nessa altura à frente da classe o P.e Joaquim Martins Tavares, que consideramos o seu primeiro mestre-escola. Nos primeiros anos do século XX, estava já colocada em Porto Alexandre uma professora de sexo feminino, tinha sido estabelecida a escola de meninas.
Trabalharam nesta localidade, dentro do período estudado, quatro professores, todos missionários, e seis professoras. Talvez a partir de certa altura a escola passasse a ser mista!

(*) Século XIX. N.R.


pesquisa de João Rafael dos Santos

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