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19 de fevereiro de 2006

P.Alexandre: A Descoberta.



“A segunda largada de Lisboa do notável descobridor deu-se em Abril de 1484, ou no Outono de 1485”. (1) Na viagem anterior Diogo Cão chegara à costa de Benguela: “A ponta Choca foi o ponto anotado a seguir, pela pequena armada, sendo-lhe dado o nome de Castelo de Alter Pedroso; e, finalmente, mais abaixo, foi atingido, em 28 de Agosto [de 1483], o cabo do Lobo (cabo de Santa Maria), onde Diogo Cão colocou o padrão de Santo Agostinho.”

“Entretanto, Diogo Cão, ultrapassando o cabo do Lobo, deteve-se no cabo Negro, onde colocou o seu terceiro padrão [ 1 2 ], em 16 de Janeiro de 1485 (ou 1486); e cabo Negro, porque o monte, na costa, rodeado de areia, cobria-se de mato raso, que o escurecia. A região era quase deserta. (2)

“A seguir a armada fundeou na angra das Aldeias (Porto Alexandre), assim classificada em virtude das duas aldeias indígenas ali encontradas, cujos habitantes se dedicavam à pesca. Depois, descendo mais abaixo, o navegador entrou na Manga das Areias (Baía dos Tigres), com duas léguas na largura da boca, estendendo-se cinco ou seis, pela terra dentro, e com 12 a 15 braças de fundo. Também aqui o peixe era a riqueza exclusiva. Os negros mantinham-se com ele e construíam abrigos com costelas de baleias que davam à costa e com seba do mar. Tudo o mais era areal confrangedor, desprovido de água, enquanto a navegação era difícil e perigosa, fora da reintrância grandiosa e acolhedora.

“Continuando a sua marcha, Diogo Cão passou o golfo da Baleia, para fundear, a seguir, no cabo da Serra, onde colocou o ultimo padrão. (3) De considerar a ausência de referências ao Cunene, relacionadas com a sua viagem, certamente por o rio não ser notado, devido à natureza da foz.

“Finalmente, avistando, mais a baixo, a baía das Sardinhas e a Serra Parda (ponta dos Farilhões), Diogo Cão deu por finda a sua missão, tornando ao Zaire; fazendo-o, por certo, com mágoa de não prosseguir a rota, por falta de mantimentos, ou torturado pela desilusão sofrida quanto ao caminho da Índia, na hipótese de supor que alcançara o termo austral de África na primeira viagem.” (4)



DELGADO (1) 1º vol. pp. 65/71.
pesquisa e texto complementar de Admário Costa Lindo
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(1) DELGADO, ob.cit. p. 65
Não se pode fixar, com segurança, a data da saída de Diogo Cão, continuando a ser alvo de controvérsia. O ano mais referido é o de 1484. Mas, há quem discorde. O dr. Damião Peres, por exemplo, considera a sua partida como realizada em 1485. Foi Martin Behaim, no seu globo de 1482, quem, assinalando a passagem de Diogo Cão pelo Cabo Negro, lhe marcou baliza, por estas palavras: “Aqui foram levantadas as colunas do rei de Portugal a 18 de Janeiro de 1485, ano do Senhor.” O ilustre catedrático da Universidade de Coimbra contesta a data, porém, por esta forma: “Deve entender-se que o ano de 1485 da legenda corresponde na contagem habitual moderna a 1486, tendo o Behaim usado ali, certamente, o estilo da Anunciação, segundo o qual os anos começam a Março e não em 1 de Janeiro.” Nota 4 da p. 414

(2) Este padrão encontra-se na Sociedade de Geografia, bem como o do cabo do Lobo.

(3 ) Este padrão foi recolhido, em 1893, pelo comandante alemão Beder, que o levou para o seu pais.

(4) DELGADO, ob.cit. pp. 68/71
Sabe-se que é este o termo da segunda viagem de Diogo Cão devido à legenda latina da carta de Martellus, de 1489, cuja tradução é a seguinte: “Até este monte que se chama Negro chegou a armada do rei de Portugal (João) segundo, da qual armada era comandante Diogo Cão, que erigiu uma coluna de mármore em memória do facto e seguiu avante até à Serra Parda, que dista do Monte Negro mil milhas, e aqui morre.” Nota da p. 71

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